Uma princesa da família
Não ligava pra nada nem ninguém
Seu espírito vagava, inerte
Sua presença congelava, deprimente
Nada no mundo podia encontrá-la
Sequestro ninguém nem suspeitou
Uma fuga atrás da outra, comum
Ordinária por demais, até
No seu quarto de vestir, nada se encontrava
No seu quarto de dormir, nada de valor se via
Ela pegou tudo, precisava vender
Precisava fugir dali, pro outro mundo
Outro plano eterno, que poderia abrigá-la, feliz
Todos nós desejamos mas, só ela consegue
Uma cheiradinha e ela chega lá
Não precisa de muito, mas, cada vez mais
Ela não sente mais nada
Os membros estão dormentes e inertes
A respiração torna-se sombria e devagar
Os olhos piscam cada vez menos
Nada mais se mexe
E murmúrios cada vez mais baixos
Pontos escuros ali aparecem, e nada mais se vê
Anjos, delicados e fiéis, descem escadas enormes
Vieram buscar a princesinha
Ela se levanta, vestida de linho e seda
Vê seu corpo no chão, deitado,
Em espasmos cada vez mais lentos
Sorri, dá as mãos aos anjos e sobe as escadas
Olhando sempre para baixo, para um beco, sujo e fétido
E um corpo que a nada mais responde
A princesinha partiu, e nada no mundo terreno deixou...
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