terça-feira, 6 de novembro de 2012

Cecília

Uma princesa da família
Não ligava pra nada nem ninguém
Seu espírito vagava, inerte
Sua presença congelava, deprimente 
Nada no mundo podia encontrá-la 
Sequestro ninguém nem suspeitou 
Uma fuga atrás da outra, comum 
Ordinária por demais, até 
No seu quarto de vestir, nada se encontrava 
No seu quarto de dormir, nada de valor se via 
Ela pegou tudo, precisava vender 
Precisava fugir dali, pro outro mundo 
Outro plano eterno, que poderia abrigá-la, feliz 
Todos nós desejamos mas, só ela consegue 
Uma cheiradinha e ela chega lá 
Não precisa de muito, mas, cada vez mais 
Ela não sente mais nada 
Os membros estão dormentes e inertes 
A respiração torna-se sombria e devagar 
Os olhos piscam cada vez menos 
Nada mais se mexe 
E murmúrios cada vez mais baixos
Pontos escuros ali aparecem, e nada mais se vê
Anjos, delicados e fiéis, descem escadas enormes
Vieram buscar a princesinha 
Ela se levanta, vestida de linho e seda 
Vê seu corpo no chão, deitado, 
Em espasmos cada vez mais lentos
Sorri, dá as mãos aos anjos e sobe as escadas
Olhando sempre para baixo, para um beco, sujo e fétido 
E um corpo que a nada mais responde 
A princesinha partiu, e nada no mundo terreno deixou...

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