sábado, 27 de setembro de 2014

Poeminha de quem acorda

Se acaso uma porta se abrir
Não me deixe passar
Me deixe contemplar
A escolha de ir ou de ficar
Pensar se devo ir e me lembrar
Ou ficar e imaginar

Se acaso uma janela se abrir
Não me deixe por ela olhar
Me deixe invejar os que estão a passar
Pensando se devo viver
Ou só imaginar

Se acaso a vida me acordar, porém,
Me deixe viver
Abandonar essa vida de bastidor
Porque quero me divertir
Afinal, não sou apenas mais um ator

sábado, 20 de setembro de 2014

Mania de escritor, mentir e viver

Sou um poeta
escrevo nas entrelinhas
o que meus conceitos querem dizer
imito sentimentos
como quem quer viver
canto minhas canções
como quem quer saber
mas ignoro o conhecimento
como quem quer ser feliz
pois habito num plano
onde tudo é igual
nada é colorido
e o único jeito
é não tentar ser perfeito

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Bloqueio sem nome

Nesta folha, o branco me desperta visões de tudo aquilo que eu poderia vir a escrever. Mas acontece que eu não consigo. Conforme eu penso em mais coisas, mais ideias, não consigo descrever em palavras todo o conteúdo imagético. Minha imaginação desperta, cada vez mais, com cada referência, lida, vista ou ouvida. Meu coração acelera com esse tipo de coisa, mas toda vez que coloco a caneta no papel, esqueço completamente de tudo o que eu estava pensando. Talvez seja um bloqueio, mas eu sinto que perdi a vontade de escrever. Todas aquelas coisas que eu pensava, sonhava ou só imaginava, se apagam no meu raciocínio. O fio perde a meada e eu esqueço aonde estou, para onde ir e de onde vim. Logicamente, então, esqueço do meu espaço imediato. Mas e quando estou? Esta pergunta, levemente capciosa, diz exatamente o que eu quero. Eu me sinto perdido numa linha do tempo, onde sinto que perdi tempo demais fazendo coisas de menos. E ainda mais, sinto como se não houvesse tempo suficiente. Então, a conclusão mais simples: estou morrendo, cada vez mais, e não fiz nada para aproveitar; sendo assim, vou mais fundo nessa linha de raciocínio e alego que eu poderia partir logo ou mudar meu estilo de vida e fazer mais nesse curto período de tempo que eu jamais fiz. Mas a verdade é que isso tudo é mentira. Tudo é. Me disseram que a verdade é outra coisa. A verdade é aquilo que existe. Mas e se eu me apaixono? Isso é a verdade? Não é meu corpo querendo outra coisa? Não vou me demorar acerca desses assuntos. Desisti desse tipo de coisa. A solidão, aquela velha amiga, me parece bem mais agradável. Ela me procura mais que qualquer outra coisa, ou pessoa. Eu não saberia dizer nada acerca disso. É uma consequência natural da vida. Assim como a morte. Então, por que tanto medo? Não é medo da morte. Sei que ela é certa e vem. O medo é que ela venha cedo demais. Que eu não possa fazer nada agora e nada depois. O tempo me ensinou muitas coisas. E a mais importante delas é aceitar. Acatar tudo o que me é dado. E seguir em frente. Prestar atenção na sutileza das coisas e procurar presentes ocultos. Podemos escapar de qualquer situação se prestarmos atenção nos pormenores. Eles definem a história. Basta prestar atenção e ler os sinais. Aprender que todo homem é uma ilha: nasce e morre só; mas que ninguém precisa viver sozinho. Afinal, o movimento de placas tectônicas é suficiente para movimentar as ilhas em qualquer direção, com relação aos continentes. Basta um intermédio. Cada um é responsável pelo seu próprio movimento no universo. As leis regentes abrigam os fantasmas das nossas decisões. E elas habitam nos cantos escuros do nosso interior e buscam massacrar nosso Ego. Para que possamos alegar, sempre, que não somos responsáveis e, sim, algo mais independente que nós. Que ele é o produto do meio inserido. E que, sem controle, ele pode fazer muito mais.

Minhas [des]ocupações mais valorosas...