sexta-feira, 27 de abril de 2012

Um almoço, uma vida

        Ah, como a gorda é voraz. Uma delícia de assistir. Uma imagem maravilhosa. Ah, como a gorda é linda. Sinto-me apaixonado por ela. Sinto como se o mundo fosse ali. A gorda sempre é a última cliente. Sempre está em ótimo humor. A gorda, aquela no canto do restaurante, observa o cardápio como uma criança que acaba de comprar um livro novo.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Me ajude!

Tira esse azedume do meu peito
Tira você
Que não é 
Nem de perto
Tampouco de longe
O amor que me faz sofrer


Tire agora
Rápido 
Me ajude
Eu preciso superar 
Com cabeça erguida


Trate, também, com respeito 
Por favor 
A minha dor 
Sei que não é a causa
Entretanto 
Mesmo assim
Nestes tempos
Me assista

terça-feira, 3 de abril de 2012

Parecer sempre importa

Que mundo é esse?
Onde não somos
Nós recusamos
Não queremos
Não vemos necessidade

Nós temos
Nós queremos ter
Mais e mais
Todo o tempo

Não queremos ter
Não precisamos
Nós queremos mostrar que temos
Mesmo que não tenhamos
Contraditos ou não

Ser não importa
Ter não importa
Parecer, quem sabe?

Realidades

A tal coisa que vemos como realidade, é o modo como vemos o mundo…
A minha visão é tão pessoal como um cheiro…
A minha visão existe justo porque não sou como os outros
Eu posso estar entorpecido…
Mas, como será que distinguirei a minha realidade das outras?
O fato, talvez, seja este
Talvez eu não possa distinguir,
Ou talvez eu só não queira
Meu “ID” é maior que meu ego
Ele é quem não me deixa perceber
Que a realidade, dos outros, talvez seja pior
Pior em tantos sentidos quanto eu posso pensar ou só esquecer
Pior que imaginar ou esquecer, só não perceber mais

Quero apenas ser humano...

“Venham à mim os bons”
Encafifei!
Pensando assim: “E os maus?”
Penso eu que esse Deus não é para todos
Cadê o amor para com todos?
Onde está a igualdade?
Sinto eu que estou sendo ordenado a algo
Sinto que, sutilmente, perco a independência e Vontade
Vontade esta de ser bom ou mau
Só quero ser humano

Música gospel

“Entra na minha casa
Entra na minha vida
Mexe com as estruturas”

Aí faz o que?
Destrói a minha vida por completo?
Destrói feito um adolescente problemático?
Mexer com as estruturas,
Só assim…
Nunca vi ninguém mexer pra melhor

Pra melhorar só com luta
Luta e trabalho duro 
Próprio de quem o faz
Com orgulho
E satisfação!

Inibições

Eu não posso
I can’t
Je ne peux pas

Nada,
Em língua qualquer, eu sequer posso

Posso não fazer o que quero
Posso não ser o que quero
Posso não dizer o que quero
Posso não pensar o que quero

Nem isso, nem nada
Nem viver, ser e quem dirá, morrer

Não posso, minha religião não permite
Não posso, minha família não permite
Não posso, meus superiores não permitem
Não posso, minha cultura não permite
Não posso, eu não me permito

Um pai fala...

Por que a humanidade não me ouve?
Por que será que eu preciso gritar no ouvido dela?

Quer saber, cansei!

Cansei de ter que dizer as instruções com cuidado!
Cansei de explicar tintim por tintim!
Cansei de ouvir desaforo!
Cansei de perguntar
"Entendeu ou quer que eu desenhe?"

Agora, ela vai ver!
Agora, ela vai sentir na pele!
Agora não haverá nada que ela possa fazer!
Agora ela vai lamentar por cada dia de sua existência infame!
Agora ela vai chorar, e com razão!
Agora, não, depois

Depois eu não estarei mais por lá!
Depois, ela vai me chamar
Depois de ela me chamar, vai perceber

Vai perceber que eu não posso ajudá-la
Vai perceber que ela própria não pode se ajudar
Vai perceber que não quer se ajudar
Vai perceber que eu não quero mais

Eu não quero mais ver dor
Eu não quero ver sofrimento
Eu não quero ter que aguentar vozes me chamando
Eu não quero aguentar sentir isso tudo

Há?

Quem sou eu?
De onde vim?
Para onde vou?

Perguntas existenciais, três
Existência, só uma
Resposta, nenhuma

Não sei quem sou
Nem mesmo sei se “sou”

Não sei de onde vim
Nem quem me trouxe

Não faço nem idéia do lugar para onde vou
E, a que tudo indica, nem sei se vou

Minhas [des]ocupações mais valorosas...