terça-feira, 30 de abril de 2013

Amizade amarga

A tristeza vem
É uma amiga

Chega de mansinho
Te abraça e te cobre
Um cobertor bem quentinho

E te prende
Se amarra quem entende
Um beijo carente
Amargo de quem sente

São garras sombrias
Prisões insanas
Caminhos obscuros
Conclusões assustadoras
Lombras das boas
"Suicídio", de Monet (fonte questionável: google) 

terça-feira, 23 de abril de 2013

De longe

Hoje, eu quis brincar de ter ciúme. Não deu certo. Senti-me mal. E o pior de tudo, não adiantou. Senti-me vazio. Enquanto sua beleza irradiava nos raios de sol, seu cheiro se espalhava pelo ambiente. Se misturava ao dele, em meio minhas náuseas. Meu odor era pútrido, semi-morto. E sua alma se expandia, tocando na minha e se retraindo, como ondas do mar. Ela ainda estava abraçada a ele. E eu, bobo todo, estava com raiva. De que me adiantou? Ciúme que é ciúme, vem do âmago. É um medo de perder, irracional. Pergunto-me agora, como poderia eu perder aquilo que não é meu? Ela sabe, será? Dedico-lhe meu amor por meio desta carta, sem nome e sem som. O grito vem do centro para fora, de uma maneira rápida e concisa. Seu nome ecoa em minha mente, como gritos de um desesperado. Eu acredito em demônios e anjos. Não o contrário. Acredito primeiramente em demônios, depois em anjos. O mal existe nos olhos de quem vê. Ele pode ser só amigo dela, é verdade, mas eu sinto que ele está ali para me desestabilizar. Os anjos são criaturas dóceis, feitos para ajudar os seres humanos a encontrar o caminho do deus benevolente. Não deu certo. Imaginei tudo que havia de ruim. Me peguei cantando "Por que você não olha pra mim? Me diz o que é que eu tenho demais". Então, me vi sozinho. Enquanto todas as pessoas estavam ali, se divertindo e conversando, ela estava lá, com ele. Ela não ousava olhar para mim. E eu não ousava desviar meus olhos dela. Sua beleza me desnorteava. Mas, ele não percebia isso. Ele não era inteligente. Era um idiota com uma bela fantasia. Seu espírito me enoja. Cada lágrima gasta com ela, meu corpo produz outra, irmã, para me entristecer. Meu corpo já não aguenta mais. E, de repente, desmorono. Meu corpo já não sabe mais o que fazer. Meu coração, antes batendo rápido, para de súbito. Ninguém me percebe. Caio sentado. E, sem mais nem menos, tudo fica branco. Tudo parece ficar mais gelado. E me aparece um anjo. E, de repente, o corpo fica quente. E, rígido, sinto meu corpo cair por uma fenda. O anjo se torna um demônio e, assim, me carrega nos braços. O destino é o inferno. Mas, eu sinto algo estranho. Sinto que nada mudou. No inferno, eu já estava, e fazia tempo demais.
E, então, fez-se uma omelete, com meu coração, quebrado e abandonado...

sábado, 20 de abril de 2013

Queísmo(s)

   Quem não sabe o que é por um "que" no meio da frase, sem necessidade (podendo fazer outra construção gramatical), não sabe o que é ser vida louca. Toda a nossa vida, somos ensinados a destruir e remontar. O que há de errado com uma simples partícula "que"? É feio dizer? É feio dizer em voz alta? É uma má construção?

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Poesia sem título nº 3

E eu me pego pensando se é isso mesmo que você quer...
Eu abro os olhos
Pra esquecer
E respiro
Pra me lembrar daquilo que eu amo
E descendo as escadas
Vendo você aí
Bebendo sua alma
Envergonha-te da verdade
Realidade em que vivemos
Deixa isso pra lá
Não precisa disso tudo
Vamos nos divertir
Não quero mais dormir
E os pesadelos sentir...

terça-feira, 16 de abril de 2013

Carta sem nome, borrada de lágrimas...


   O passado liberta. O passado prende. Tudo depende de como você faz uso dele. Não tenha medo de falar. Não tenha medo de se expressar, não importa o que haja. A voz é aquilo que possuímos de mais precioso. A palavra, contraposta às notas musicais, pode expressar exatamente o que se sente. A música, enquanto matemática viva, pode dar uma ideia. Porém, nada é absoluto. Infelizmente, sofro comigo mesmo, me olhando e vendo que não sou quem queria ser. Nascer não foi uma alternativa, entretanto, como não pedi para fazê-lo, me sinto no direito de reclamar.

Fácil demais


"Você me tem fácil demais", ela disse enquanto ele a beijava, repetidamente. Era uma noite fria e melancólica, onde ela se sentia excitada com o som do vento que batia as janelas. A casa era antiga, mas nem tanto. Era bagunçada demais. Entretanto, não era suja. Ele não parecia o tipo que se preocupava com bagunça tanto quanto com sujeira. Ele não parecia nada. Ele só a tinha chamado pra sair daquele bar nojento. E ela, sem saber o que dizer, aceitou. Foram no carro dele. Ele disse algumas palavras doces e ela caiu.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Esquinas da Mente

   Se um dia o céu for vermelho, eu me afogaria em sangue daqueles que marquei a fogo brando. Mas, como ele é azul, eu ainda me afogaria em água gelada do mar. Gosto de pensar que a realidade possui pouca influência em meus pensamentos. A imaginação corre solta enquanto minhas pernas correm atrás de pássaros negros. Sigo nos tijolos amarelos, como Dorothy, tentando encontrar meu caminho para casa. Acho que meu coração se foi, minha coragem nunca existiu e minha inteligência está ficando retardada. Que tal eu procurar o Mágico?

terça-feira, 9 de abril de 2013

Prazeres

Astros iluminados
Ricas flores
Invejosas dores
Eternas alegrias
Lúcidas Marias

sábado, 6 de abril de 2013

Suplicâncias I


Se um dia fosse eu
A te ver e não ser seu
Que meu coração caia
No buraco escuro da alma
Uma depressão apressada

Quero que seja esperta
E perceba quem te deseja
Pois o tempo é curto
E ninguém é tão duro

Quero te lembrar daquele tempo
E, inconsciente, aroma do mesmo:
O som das árvores,
Chacoalhando e brincando
E nossos dedos se tocando;
Nossos lábios, distantes,
Apenas se desejando...

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Oblíqua e Dissimulada


A seguirei,
E onde quer que vá,
Eu irei...

Não se vá
E fique por aqui...

Deixa rolar:
Nesta pintura a giz,
Vamos falar...

Venha cá,
Me abrace!

Deixa pra lá,
Não quero enlace...

Sinto-lhe forte:
Um aroma,
Doce morte...

De corações, domadora
E de mentes, dobradora...

Meio sem sorte,
Abandonado, à esmo:
Um beijo perfeito;
Um simples desejo...
Capitu e Bentinho, na minissérie Capitu

terça-feira, 2 de abril de 2013

Abandonado, desnorteado e obscurecido

Saiu daqui e, sem perceber, me deixou pra trás, quebrado...

Talvez eu esteja entusiasmado
Entretido demais pra perceber
O pouco que me sobrou
Embora seja bom, foi você que me roubou
Olha bem pro lugar
A bagunça que deixou por lá
Aquela casa, onde eu não adentro
Não ouso, porém, me desfazer
Olha pra mim, olha pra lá
Eu prometo que vou mudar
Só me deixa, mais uma vez, entrar
Seu coração me bloqueia
E sua alma me desnorteia
Cada sentido, perdido e invadido
Teu cheiro à soleira, me tonteia
E tua imagem me povoa a mente que voa
Onde teu som me abala e me atinge
De longe, uma palavra doce, mortífera parece
Um dardo odiado, do gosto adorado
Da lembrança indesejada e involuntária
E o teu espírito me volta
Nos cantos da mente
Onde eu tento abandonar
Mas, o inconsciente me bloqueia
Não sabendo o que quero
Decidindo por mim, escurecendo a visão
E criando uma ilusão
Querendo você de volta ao meu abraço
Toda de volta pra mim

Minhas [des]ocupações mais valorosas...