quinta-feira, 29 de novembro de 2012

P.U.T.A. (Pagamento Unidirecional Transferido Aleatoriamente)

Meu amor
Seja feliz
Com teu namorado
Ele te ama
E ele te engana

Meu amor
Seja camarada
Com teu namorado
Me larga na cama
Chorando sem grana

Meu amor
Me diz o teu preço
Eu quero pagar
Eu quero te libertar
Eu quero te amar

Meu amor
Me diz o porquê
Ele te engana
Não é bom na cama
Só tem boa grana

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ataque do coração indeterminado


Eu tomei uma taça
Do vinho do demônio
Nunca achei que fosse
Tão bom assim
Com gostinho especial
Um quero-mais a cada gole
Um doce aroma
Que inebria todos os sentidos
A locomoção atrasa
O cérebro desacelera
E o coração para
Nada mais adianta
A morte é iminente
Um gostinho de pecado
A luxúria, antes inerte, cresce
E a morte, iminente, aparece

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Um grito

O vazio existencial é essencial para um bom desenvolvimento cognitivo perante a vida, como um todo.
Um rato passa correndo, enquanto olho para um artista. O momento é rápido e não entendo muito bem o que está acontecendo. Tenho medo de ratos, sinto importante ressaltar. Animais, em geral, me assustam. Gatos, principalmente, pois suas garras afiadas podem transmitir doenças demais. Cachorros latem e intimidam, sabia? Eu tenho muito medo, assim como vocês também deveriam ter. Estou em uma ponte, num dia quente, ensolarado. O artista olha a tudo e todos, com sua visão especial. Eu não sei bem de onde ele é, não me parece estranho. Sinto que tudo ganha vida em sua mão. Ele parece talentoso, pelo modo como fala. Meu medo desaparece, após um grito. O grito. O maior que já dei. Todas as pessoas pararam para me encarar. Eu não entendo bem o porquê. Sempre pareci são, nos meus dias de juventude. Me sinto velho, por ter medos tão incomuns e tão ridículos. A água abaixo de mim é mais assustadora que os animais, porém, medos irracionais são inexplicáveis. Talvez eu tenha tido trauma, na infância, mas, nunca saberei. Eu sinto dizer que o rato era grande e marrom. Ouvi dizer que são os menos perigosos. Tem menos pulgas, dizem os rumores. Ainda bem , então. Eu não sei como viveria com pulgas. Se bem que meu cabelo há tanto já se foi, que o couro está começando a esquentar. A loucura tange o possível, de modo criativo. As cores se distorcem e meu futuro parece incerto. Cada criatura parece um monstro, com várias patas, chifres e garras. Tenho muito medo do que possa acontecer mas, nada digo, pois se o fizer, tachado de louco irei ser. O artista vê meu grito e sorri. Não o entendo, parece algum tipo de maluco. Eu acho que ele está com alguma epifania. Entenda, caro leitor, que a vida parece mágica aos olhos de todo bom artista. Eu não entendo bem como isso acontece mas, sei que é possível. Transformação de algo grotesco em arte, é uma tarefa primordial. Meu grito pareceu estranho à multidão. O artista amou. Eu não sei como ele fez isso mas, ganhou meu respeito. Transformação improvável de expressão em expressão. Ele fez o que viu, aos próprios olhos.

Além!


Eu quero fugir
Largar dessa vida
Sair logo daqui
Viver como um cigano
Lembrando-me de histórias
Onde durmo pelas estrelas
Vendo o sol nascer, belo
Sem pensar no trabalho maçante
Que vem todo dia, para todos
Só quero viver um dia de cada vez
Sem planejar tudo direto
Só quero me esquecer do futuro
Viver o momento precioso
Com aqueles que eu gosto
Nos lugares que eu gosto
Abandonar essa vida tão triste
E tão melancólica, também
Abandonar meu povo
Ir ao infinito e além...

Epigrama da insônia

Volto ao jardim
Vejo flores se abrindo
É o poder da natureza

Vida se expandindo
Animais dançam
Uma balada doce
Cintilantes fadas
Voam por todos os lados
Mosquitos ou vagalumes?
Eu não sei, na verdade
Não durmo há alguns dias
Mas, nada justifica a magia
Que vejo tão reluzente neste dia...

A flor


Não sei porque
E você?
Só não sei
Deixa pra lá
Conhecimento é poder
Mas, ninguém sabe
O porquê
Da flor nascer
No mais duro asfalto
No mais tórrido sol
No dia mais seco
De toda a estação
Você não sabe?
Tem certeza?
Acho que a natureza deu um jeito
De fazer crescer
Quem merece viver
Pra espalhar beleza
E espalhar sutileza
Num mundo de incerteza
Onde nada é tão belo
E nada é tão lindo
Quanto uma vida
Tão pacífica
Tão formosa
Tão única
Tão... improvável

A distância que não percorri

Sou sentimental e nem me importo
Sou às escuras, longe de todos
Sou ser humano e, sim, me importo
Sou às escuras, com quem gosto
Não sei o que falar, nem o que pensar
O brilho das estrelas é grande
Formosura da natureza é existir e encantar
Não entendo bem o que quis dizer aqui
Mas, você me entendeu tão bem que completou
As minhas frases mentalmente, com um sopro
Da vida cotidiana que passamos juntos
Com uma distância impossível
Que me faz chorar até gritar, no silêncio
Onde nada vejo, nada ouço, nada digo
Pois não quero que você saiba
Que me machuca saber que você existe
E não poder te ver todo dia, nem te cheirar
Saber que você existe, longe,
E perceber que a distância só aumenta
Num muro criado, por vontade própria,
Para me dizer, apenas, que sou eu o amor
Não reciprocado, que você não tem...

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Sequência desestruturadora


Arte é criada
A partir de arte
Não tem base lógica
Nem sentimental
Vem da expressão
Dos fatos tangentes
Por meio de palavras
Ou ações bem feitas
De um ou mais amigos
Deuses ou humanos
Que não tem precedente
Nesta realidade única
Que de boca em boca
Vem desestruturando
O senso de existência
Por música falada alto
Ou cantada baixo
Pra ninguém ouvir
E continuarmos as vidas
Tranquilamente mal
Porque somos nós
Os herdeiros do Divino
E sem perceber muito
Dominamos o mundo
Além do que devíamos
Dominando a Vida
Estragando-a como um todo
E sentindo felicidade
Pois a destruição alegra
E a Ordem entedia profundamente
Ninguém se importa
E isso nos torna irmãos
Pois mentimos descaradamente
E não nos importamos
Com as consequências reais
Que escrevemos e citamos
E não sentimos nada além
Pois a humanidade é uma mentira
E o que robotizamos é a natureza
Real, imaginária, sentida...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Ouro, couro, tesouro e alma


Não compreendo bem o que há de errado com você
Sinto meus colares pesarem em você
Sinto meus adornos não fazerem efeito com você
Minhas penas, de ouro, de nada me servem
Minhas roupas, que tanto visto, não entendo
Pra quê servem, se você somente as ignora?
Minhas marcas me definem e você não liga
Sou material e você sensível, o bastante para ser errada
Não entendo bem o que há de errado com você
Mas, aceito, de um jeito ou de outro, que sou mais
Do que você jamais entenderá e menos do que quero
Pois sinto um vazio, sombrio, no meu coro
Que preencho com o que vejo, pois não tenho alma
Decidi vendê-la para impressionar os que são como eu
Matéria pura e puta que, além de ser ouro, vira couro
E dos tolos vira, não somente, puro tesouro

domingo, 11 de novembro de 2012

Carta sem nome


Ah, nesse caso, prefiro não ir além
Nem prefiro gostar
Nem prefiro amar
Prefiro, somente, abandonar
Um amor de criança
Invisível e sensível
Que mexe com a cabeça
E os órgãos acompanham
E nada mais parece dar certo
E tudo mais parece cair
As colisões são mais frequentes
Uma reação eu procuro
Mas, nada mais parece acontecer
A inércia dos sentimentos é grande
Assim como seu tamanho monstruoso
E tudo mais me machuca
Até a comida que faço
Não quero mais viver, eu sinto
Sem você, não quero mais nada
Só quero abandonar a viagem
Mas, o destino me soa tão bom
E me faz tão bem sonhar
Com nossa união desastrosa
Ou apenas amizade elevada
Que me faz querer almejar
...
Não há nada que possamos fazer
É involuntário, o sentimento
Não percebe?
Você não sente?
Não quer sentir?
Vai me abandonar?
Vou, somente, me machucar
Mais do que o costume
E de um jeito tão triste
Que eu prefiro, por aqui, relatar
Sem jamais perceber o futuro
Que nem eu ou você queremos
Na verdade, temos medo de voltar
Ao que éramos antes
Pois nossa estagnação é boa
Em cima do muro, para sempre
Suas experiências não foram as melhores
Isso eu sei, relaxe, boneca
Mas, você tem que perceber
Que, por tudo que é mais sagrado,
O sentimento me é inerente
Comecei com ele e você não
Nada podemos fazer senão ir além
Entenda que é a única saída, por favor
Me ajude a te persuadir
E nada mais nos será misterioso
Pois até mesmo nossa amizade será melhor
Tudo precisa crescer e evoluir
Por que não nós?

Epigrama da besteira

Estou estourado
Como pipoca queimada
Fruto do sol amarelo

Que na terra que vivo é vizinho
E exausto me encontro na cama
Indesejado e não-querido
Vou ao lixo, amanhã
Sem saber, ao certo, o destino
De tudo que joguei fora
Sem falar no que amei nesta vida sem lógica

sábado, 10 de novembro de 2012

Conversa sem propósito lógico

A vida, simples, não existe
Prove que não!
Não preciso provar nada
Precisa, sim, na verdade!
Eu só sinto, no meu âmago
Mas, quem você acha que é?
Sou quem quero ser, e você?
Sou uma vida em jogo, não?
Claro que não, pois não existimos!
Por que queres insistir nisso?
Porque se eu existir me machuco
Com o que, exatamente?
Com a suspeita de que não há nada
Nada... com relação a que?
Com relação aos motivos da vida
E precisa até disso?
Claro... tudo que se faz tem motivo
Menos viver, não?
Sei lá... não existo...

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Cecília

Uma princesa da família
Não ligava pra nada nem ninguém
Seu espírito vagava, inerte
Sua presença congelava, deprimente 
Nada no mundo podia encontrá-la 
Sequestro ninguém nem suspeitou 
Uma fuga atrás da outra, comum 
Ordinária por demais, até 
No seu quarto de vestir, nada se encontrava 
No seu quarto de dormir, nada de valor se via 
Ela pegou tudo, precisava vender 
Precisava fugir dali, pro outro mundo 
Outro plano eterno, que poderia abrigá-la, feliz 
Todos nós desejamos mas, só ela consegue 
Uma cheiradinha e ela chega lá 
Não precisa de muito, mas, cada vez mais 
Ela não sente mais nada 
Os membros estão dormentes e inertes 
A respiração torna-se sombria e devagar 
Os olhos piscam cada vez menos 
Nada mais se mexe 
E murmúrios cada vez mais baixos
Pontos escuros ali aparecem, e nada mais se vê
Anjos, delicados e fiéis, descem escadas enormes
Vieram buscar a princesinha 
Ela se levanta, vestida de linho e seda 
Vê seu corpo no chão, deitado, 
Em espasmos cada vez mais lentos
Sorri, dá as mãos aos anjos e sobe as escadas
Olhando sempre para baixo, para um beco, sujo e fétido 
E um corpo que a nada mais responde 
A princesinha partiu, e nada no mundo terreno deixou...

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Dardo


Atiro-me ao vento
Sem destino nem objetivo
Por brincadeira e desocupação
Atiro-me à esperança
Com tudo que há de errado no mundo
Não espero poder fazer algo
Mas espero poder ajudar
A mudar o mundo com você
Atiro-me ao que vale a pena
De ser mudado e ser aprendido
Não me importa se a vida é doida
O que importa é que não há nada de bom, ainda
Atiro-me à possibilidade de criar
Um mundo novo e admirável
Onde eu faço minhas escolhas
E decido que todos também o devem
Pois a democracia é plena
E cada um sabe o que é melhor
Atiro-me ao vento
Que, sem destino, me leva longe
Para perto da justiça
Pois a sorte é minha amiga
E ela me ajudará a contornar a injustiça
Contanto que eu colabore
Com força de vontade suficiente
Para ir e levar quem mais quiser
Para um mundo bom, novo e melhor
Um mundo, onde nada é ruim
E nada, jamais, existirá...

luz

Não sei mais o que fazer
Seus sorrisos me seduzem
As fotos me atraem
As imagens me congelam
Eu copio tudo um pouco
E o espírito transcrevo
Sinto dentro de mim, fervoroso
Sua qualidade-mãe que alimenta
À tudo no coração e na mente
Qualidades-mil, mestres na bondade
Que esqueço de ter, mais do que gostaria
Uma virtude terrena, fácil de ganhar
Que eu não sei se conseguiria
Mas, acontece, todo dia, de hoje em diante...

Depois das 23h

Espíritos alados

Com garras de gelo
Almas sinceras
Máscaras mentirosas
Crianças fúteis
Adolescentes inúteis

Não entendo o que digo
Escrevo o que sinto
Sinto o que não vejo
E creio no que desejo
Que carrego intrínseco
À pele como couro
Dura sem sabor de ouro

Minhas [des]ocupações mais valorosas...