domingo, 25 de agosto de 2013

A morte de nós dois

Às vezes, eu paro e penso. Como seria minha vida se você morresse? Tudo que me cerca é uma aura de dor. Vendo-lhe aqui deitada, eu vejo que nada mais nos une. Meu peito se inflama com a chama daquilo que me é mais sagrado. Só os deuses sabem como meu amor um dia já foi. Conto as horas pra te ver. Mas, já não é com o mesmo intuito. Nossos encontros se dão com escárnio disfarçado de superação.

E se você pudesse me ver como eu realmente sou? A luz das velas desta noite bate em mim e atravessa. O som das marés eu já não escuto mais. O som dos tambores toca em meu peito como um sinal de guerra. Que amor é esse que em um piscar de olhos já não mais o é? O nosso... Você matou a única coisa que eu prezava. Contudo, você nem se arrependeu. Quem é você?

Deitado em verdes pastos, considero que já não está mais comigo por vontade própria. Uma flor que nasce é tão ou mais bela quanto seu doce perfume outonal. O laranja que me abre os olhos é mais intenso que a copa das árvores, que morrem por amor. Delimitando seu espaço, há uma cidade. Lá, existem sonhos perdidos. Encontrei o meu por lá.

Eram os sonhos de uma menina russa de fala arrastada. Esta ecoou em meu corpo fazendo cada fibra do meu ser vibrar com uma intensidade nunca antes sentida. O toque de um anjo. O som de suas palavras era apagado pelo choro que se fazia mostrar como linguagem única de uma aflição que tomei como minha própria. Abuso. O toque maléfico do próprio demônio em Terra. Fez do inferno seu domínio e moldou a Terra tal qual. Uma lágrima escorreu do meu olho esquerdo.

Você possui tantas alternativas quanto uma encruzilhada oferece. Seu sofrimento é uma lâmina de punhal que atravessa uma placa de algodão sem causar real dano. A recuperação é lenta e sem sal. A luta que você enfrenta é tão grande quanto a batalha de Waterloo: um fracasso, de todo jeito. Se pudéssemos evitar tudo isso... Mas, a verdade é rara. E a vida toca como uma melodia, sem cheiro e sem cor, se espalhando como monóxido de Carbono, matando cada um de nós, pouco a pouco.

O sofrimento é uma faca de dois gumes. Sofre quem se fere e sofre quem é empático à situação. O paraíso está cheio de anjos e o inferno, de pessoas. A maldade é cria dos homens e não é nada além de natural. Algumas coisas possuem dois lados. A morte que carrego dentro de mim é a nossa.

No dia que me matou, senti como se uma faca atravessasse pelo meu espírito. Cuspido todo o sangue, meu corpo já não suportava a existência. Se não tivesse partido ali, provavelmente eu teria lhe odiado ainda mais. Encontrei na solidão meu perdão. Meu peito se enche de escárnio pelo suave odor da vida. Hoje, carrego os dias como um fardo de não poder mais te tocar, te sentir e saber como é teu olhar arder na minha pele sabendo que seríamos sempre um para o outro.

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