quarta-feira, 10 de abril de 2013

Esquinas da Mente

   Se um dia o céu for vermelho, eu me afogaria em sangue daqueles que marquei a fogo brando. Mas, como ele é azul, eu ainda me afogaria em água gelada do mar. Gosto de pensar que a realidade possui pouca influência em meus pensamentos. A imaginação corre solta enquanto minhas pernas correm atrás de pássaros negros. Sigo nos tijolos amarelos, como Dorothy, tentando encontrar meu caminho para casa. Acho que meu coração se foi, minha coragem nunca existiu e minha inteligência está ficando retardada. Que tal eu procurar o Mágico?
   Minha vida possui tempo contado. Sinto que ela se esvai, cada dia mais. Sinto a areia passar pelo buraco, em uma ampulheta gigante. E se eu não tiver vivido o suficiente? As aves aqui não gorjeiam como lá, do outro lado, assim como os bosques tem mais vida. E, contradizendo crença geral, nossas vidas, lá, também tem mais amores. Os pássaros cantam melodias inspiradoras. E quem irá dizer que não?
   Matei um mosquito. E quem irá sentir falta dele? Que tal sua esposa? Mosquitos se casam? Na verdade, acho que não. Todavia, ele tem filhos? Ele fecunda os óvulos da fêmea. Ou ele põe os ovos para serem fecundados. Eu matei um mosquito e nem sei se ele era macho ou fêmea. Que tipo de pessoa sou eu? Eu matei, não é verdade? É justo? O que aconteceria se eu tivesse sido morto? O que causou, humano ou fera, teria sido encarcerado  A sociedade é justa demais, não é? Não, não é. A população sentirá falta? E por qual motivo não o faria?
   A chuva caminha conforme a nuvem diz. E meu coração bate conforme a necessidade aparece. Tudo acontece conforme uma outra. Toda criação precisa de um Criador. E eu, quem sou? Ninguém além do filho, do neto, do sobrinho, de tudo aquilo que eu fiz necessário aparecer. Será que sou eu um de seus descendentes? Será que possuo eu seu poder? Crio tudo com a mente, de cá ou de lá, dependendo apenas da imaginação. Sem cérebro, como se faz isso? É necessário me valer de inteligência para criar algo?
   Quando criança, vi o mundo de um jeito. Enquanto crescia, eu via o mundo de outro jeito. Esse jeito, na verdade, era como me diziam que ele era. As cores estavam sumindo. Meus pais diziam que isso não era bom. Disseram que eu era autista. Eu passava muito tempo olhando as coisas, porém me diziam que tudo era comum e não necessitava de tal olhar prolongado. Acho que não sou mais. Acho que tudo é tão preto e branco... Ou cinza, também, que é a mistura.
   O que posso eu fazer neste louco mundo? O que há de errado com ele? Ou... o que há de errado comigo? Eu fiz o mundo, de cabo a rabo. O céu era verde, depois mudou de cor. "Me diz: por que o céu é azul?", eu perguntava, mas ninguém respondia. Conforme eu cresci, tentei pedir, para tudo e para todos: "me explica a Grande Fúria do Mundo?"; mas, ainda, ninguém sabia me responder.
   E a Morte? Escrevo com letra maiúscula para denotar que é nome próprio impessoal. Ela existe e é personificada. Ninguém é dono dela, ainda bem. Imagine que alguém fosse dono dela. Aí, essa pessoa a venderia por dinheiro. Um empresário dono da Morte. Consegue imaginar algo pior? Um empresário dono da Morte faria de tudo para aprender seus segredos para se proteger. A concorrência é grande, não? Depois, ele os eliminaria. Um por um. E seu domínio econômico seria tal que a hegemonia política seria apenas um... complemento.

   Fiz-me refletir e pensar que toda minha vida fora uma mentira. Puras reflexões de uma mente que, fora da realidade, vai além do espírito e da carne, podendo ser energia pura, sem ao menos entender quanto é 1+1. A resposta é 3. Porque, em condições imaginárias, onde você soma dois números iguais, deve adir um outro, para complementar a "imparidade", fato este desconhecido pela maioria dos teóricos. E quem irá dizer que é mentira? E prove que, em tais condições imaginárias, é mentira. Você consegue?

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