terça-feira, 23 de abril de 2013

De longe

Hoje, eu quis brincar de ter ciúme. Não deu certo. Senti-me mal. E o pior de tudo, não adiantou. Senti-me vazio. Enquanto sua beleza irradiava nos raios de sol, seu cheiro se espalhava pelo ambiente. Se misturava ao dele, em meio minhas náuseas. Meu odor era pútrido, semi-morto. E sua alma se expandia, tocando na minha e se retraindo, como ondas do mar. Ela ainda estava abraçada a ele. E eu, bobo todo, estava com raiva. De que me adiantou? Ciúme que é ciúme, vem do âmago. É um medo de perder, irracional. Pergunto-me agora, como poderia eu perder aquilo que não é meu? Ela sabe, será? Dedico-lhe meu amor por meio desta carta, sem nome e sem som. O grito vem do centro para fora, de uma maneira rápida e concisa. Seu nome ecoa em minha mente, como gritos de um desesperado. Eu acredito em demônios e anjos. Não o contrário. Acredito primeiramente em demônios, depois em anjos. O mal existe nos olhos de quem vê. Ele pode ser só amigo dela, é verdade, mas eu sinto que ele está ali para me desestabilizar. Os anjos são criaturas dóceis, feitos para ajudar os seres humanos a encontrar o caminho do deus benevolente. Não deu certo. Imaginei tudo que havia de ruim. Me peguei cantando "Por que você não olha pra mim? Me diz o que é que eu tenho demais". Então, me vi sozinho. Enquanto todas as pessoas estavam ali, se divertindo e conversando, ela estava lá, com ele. Ela não ousava olhar para mim. E eu não ousava desviar meus olhos dela. Sua beleza me desnorteava. Mas, ele não percebia isso. Ele não era inteligente. Era um idiota com uma bela fantasia. Seu espírito me enoja. Cada lágrima gasta com ela, meu corpo produz outra, irmã, para me entristecer. Meu corpo já não aguenta mais. E, de repente, desmorono. Meu corpo já não sabe mais o que fazer. Meu coração, antes batendo rápido, para de súbito. Ninguém me percebe. Caio sentado. E, sem mais nem menos, tudo fica branco. Tudo parece ficar mais gelado. E me aparece um anjo. E, de repente, o corpo fica quente. E, rígido, sinto meu corpo cair por uma fenda. O anjo se torna um demônio e, assim, me carrega nos braços. O destino é o inferno. Mas, eu sinto algo estranho. Sinto que nada mudou. No inferno, eu já estava, e fazia tempo demais.
E, então, fez-se uma omelete, com meu coração, quebrado e abandonado...

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