domingo, 17 de março de 2013

Borboletas azuis

   "'Se as borboletas que existem em meu estômago decidirem se acalmar, talvez eu vá jantar com você', foram as palavras que ela usou comigo. Eu gostei. Achei simples e empolgante. 'Que tal sairmos pra jantar?', eu tentei perguntá-la por tanto tempo... Mas, quando saiu foi simples e agradável. Não nos conhecíamos além da vista. Nossos olhos se cruzavam, mas não passavam disso. Desviávamos, na esperança de um dia termos coragem suficiente. Mas, eu não tinha. Ela, tampouco. Como isso aconteceu? Não sei. Eu só me lembro dela me dizendo isso."
   "'Se algum dia nossos olhos deixarem de se desviar, eu quero jantar com você', foi o que ele me disse quando eu pisquei. Abri os olhos com alguma surpresa. Porque, embora eu nunca tivesse ouvido sua voz diretamente, ele ainda me parecia extremamente sedutor. Ele era amigo do meu irmão. Sempre nos víamos, na minha casa. Mas, eu não ousava chegar perto dele. Eu era tímida demais. Quando eu o via, minhas pernas ficavam bambas e meu coração parecia pular pela boca. Eu acho que ficava pálida, mas não tenho relatos disso."
   E quando saíram juntos, suas visões de mundo colidiram.
   "Eu sempre fui amigo do seu irmão, mas só passei a frequentar sua casa pra te ver", ele disse quando ela perguntou há quanto ele já a notava. E ele perguntava "e você, o que acha de mim?", fazendo-a pensar, enrubescida. "Estudamos na mesma escola e você nunca tinha me visto até que começou a amizade com meu irmão", respondeu mais vermelha ainda. "Não sei como te dizer isso, mas comecei tal amizade no entuito de falar contigo", ele disse sem olhar em seus olhos. Ela ficou parada, de queixo caído. Não piscava nem respirava. "Repita, por favor", ela pediu, com o rosto pálido. E quando ele o disse, ela se levantou. Ele ficou pálido, então, e se levantou também. E, ali, se beijaram como se nunca tivessem conhecido mais ninguém.
   As pessoas da lanchonete estranharam, mas seguiram a vida como se nada mais tivesse acontecido. Dali em diante, eles se encontraram todas semanas e, depois, dia após dia e hora após hora. E um dia foram morar juntos; e, quando decidiram se casar, foi uma cerimônia linda, na praia. E tiveram dois filhos e duas filhas. Cada um em homenagem a um de seus personagens favoritos de livros.
   Mas, ele morreu. E o que aconteceu depois? Não sei. Ela ficou triste, deprimida. Chorou e nunca superou. Naquela data, todos os anos, ela saía, bebia, desmaiava e caía. Ninguém conseguia entender. O destino havia sido cruel. Mas, ele é sempre assim. Ele é selvagem; tentar domá-lo é má ideia. Acidentes acontecem, porém a frequência que o fazem é assustadora. Foi apenas... má sorte.

Um comentário:

  1. Poxa....Poxa....
    Amei o texto, mas não tve um final feliz :/ Tipo em "Um Dia"
    Você escreve mto bem, mas eu não me conformo com histórias que tenha um final triste :/ Quem mando eu ser romancista? kkkkk
    Apesar dessa minha aversão a textos não-Diney, parabéns :D

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