segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

sub-instintivo

Sem caminhos, entro nos bosques mais escuros dos dias mais tristes. o sol não aparece mais. ninguém me procura. ninguém me chama. sou esquecido entre tantos. e tantos se esquecem comigo. a cada pássaro, uma melodia. a saudosa vida escapa enquanto a virtude se esconde. mato com cada grito e assassino a cada refeição. a necessidade me espanta, mas não me abandona. a sanidade é uma imperfeição. existe apenas nos sonhos. e estes, há tanto abandonados, me retornam com terror e sanguinolência. os instintos mais selvagens despontam. o animal em mim retorna. e a razão, tão adorada pelos hedonistas, mente para mim. diz-me que o futuro é incompreensível. que ele não existe. o pensamento presente se confunde ao passado. em meio tanta dor e tanto pesar. é uma teia construída de fatos e sentimentos. entre rios de confusão, vejo meu reflexo e me dá um estalo. a vida não segue inútil. entre tantos gritos, rugidos e cânticos, todos os animais possuem certa sintonia. mas não me encaixo entre eles. são como abelhas e formigas. taxonomicamente parecidas até certo nível, mas não se misturam. abandono qualquer traço do meu tempo naquele lugar e sigo corrente acima. numa cidade, consigo ver mais do que matar a fome, a sede e ser refém dos meus hormônios. vejo a real possibilidade de rir, conversar e sentir algum prazer complexo. mas, cada vez mais, os sentimentos retornam. nesse meio, consigo sentir cada experiência acontecendo de novo. cada decepção, cada lágrima indevida. com isso, procuro abandonar a vida. me jogo. do alto. preto. não há mais nada. suspira. inspira. respira. devagar. quase parando. para de piscar, para de respirar, para de viver.

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